Cachaça, Dívida e a Terra Medida

A dívida foi o principal instrumento utilizado pelos coronéis do cacau para se apropriar das terras indígenas da região de Olivença. Se tem notícia de duas grandes estratégias para a geração de dívida. Por um lado os fazendeiros se aproveitam da precariedade econômica dos indígenas para pagar os funerais e exigir dos parentes terras em troca, por outro lado instalavam vendas ou pequenos negócios na região e ofereciam os produtos aos indígenas em fiado. Dessa forma, o negócio que parecia muito atrativo a princípio se tornava a desgraça de muitas famílias pouco tempo depois.

Os fazendeiros se aproveitam da dificuldade de acesso por parte dos indígenas de ferramentas e outros produtos não disponíveis nessa região. Assim, os fazendeiros e seus negociantes eram os únicos a oferecer de forma facilitada alguns produtos extremamente valiosos para os indígenas, como o sal e o querosene, tais quais os espelhos e facões trazidos no passado da Europa pelos portugueses. Mas dentre estes produtos havia um que reluzia mais do que sol, a ponto de provocar cegueira: a cachaça. Desacostumados com o consumo do álcool muitos indígenas caíram no alcoolismo. E como a venda era fiado, não havia freio para a compulsão. Quando chegava a conta, se a cachaça não tivesse sido o suficiente para gerar uma enorme dívida, estranhamente a matemática estava sempre contra o índio, que sem leitura ou noções básicas de matemática e mesmo de medição de terras ficavam a mercê das vontades e da palavra dos negociantes. Dessa forma, os índios eram obrigados a entregar suas roças e terras de morada para pagar o que lhes era dito que deviam. Os índios passaram a viver assim em uma terra cercada, uma terra medida e de propriedade de poucos.

Algumas Relações

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